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Educação Governamental: Voucher feature
2014.09.20

Educação Governamental: Voucher

No Brasil, os dados não mentem: temos uma educação fundamental pública de péssima qualidade. Os desafortunados pais que não tem recursos para bancar uma educação em instituição particular terá de colocar seu filho numa escola do Estado (municipal, estadual ou federal). As chances de um futuro melhor diminuem imediatamente. Estas escolas são péssimas (na média estatística).

Origem 1

Um dos grandes problemas é que, até na constituição, há uma ideia que a educação básica é muito pulverizada, então seria mais inteligente deixar a cargo de prefeituras, enquanto os níveis médio e superior tem menos alunos e tem custos mais altos, então ficaria a cardo do governo estadual e federal, respectivamente. O que acontece é que grande parte das prefeituras no país são deficitárias, dependente de recursos federais como se fossem mendigos pedindo esmola. Sem recursos, o repasse para a educação fica seriamente comprometido. Professores com salários muito baixos não atrai novos bons candidatos e estrutura deficiente dificulta o aprendizado.

Origem 2

Há também uma constatação antiga: o estado é muito ineficiente para executar. Estar no fronte de combate requer uma agilidade que o estado não tem. Mesmo depois de anos com avaliações ruins, professores públicos não são demitidos, não se consegue construir ou reformar as instalações, e a pedagogia fica engessada.

O resultado é que temos hoje que dar cotas nas universidades para classes desfavorecidas, para compensar o enorme atraso educacional que tiveram na base. Temos de achar uma solução para a base.

Educacao governamental voucher 2.jpg

Vem então uma alternativa:

O voucher educacional

A ideia central é resolver um problema de dinheiro com dinheiro.

Ao contrário de ter uma rede de escolas próprias, o estado administraria somente o dinheiro, pagando mensalidade de alunos pobres que não tem condições de pagar uma escola. O custo-por-aluno seria, por certo, mais alto. Mas definitivamente mais efetivo.

Temos uma experiência parecida com o programa FIES, do governo federal. Nele, o aluno sem condições recebe um financiamento (um empréstimo) para estudar em uma universidade. Ao final do curso, o aluno se compromete a pagar o empréstimo com o dinheiro de seu salário, gradualmente. Uma iniciativa equivalente deveria ser implementada no ensino básico.

Fonte do dinheiro

Um sistema grande assim teria de ser administrado pelo governo federal. Mas os recursos deveriam ser compartilhados com as três esferas. O município contribuiria com uma parcela das despesas para os alunos residentes em seu território. O mesmo vale para o governo estadual.

Os estados teriam de privatizar as suas instituições. Além de levantar caixa para a iniciativa, deixaria de se preocupar com esta frente. Em bairros mais ricos, poderia fazer estímulos aos pais montarem uma cooperativa e adquirirem o controle. Para os mais pobres, qualquer rede que tenha interesse poderia levar. Com o orçamento anual em educação, as prefeituras teriam mais capacidade em contribuir.

Educacao governamental voucher 3.jpg

Beneficiados

Ao contrário do que se tem hoje, o novo sistema seria regido por apenas uma variável: dinheiro. Quem não tiver, ganha o benefício. Quem tem, vai pagar a mensalidade da escola normalmente. Isso corrige injustiças que deixam as crianças de famílias ricas terem educação de qualidade gratuitamente quando poderiam ajudar a financiar o sistema. Os cadastros existentes de programas como Bolsa Família e a Receita Federal poderiam ser usados para controlar. Na verdade, há uma janela boa para se centralizar estes cadastros.

O benefício deveria ter um escalonamento: quanto mais pobre a família, mais o estado contribuiria. Também poderia ter modalidades de empréstimo, mas é bem mais complicado executar isso que o FIES, já que os alunos do FIES em pouco tempo vão ter renda para conseguir pagar. Ainda sim, vale o estudo

A rede escolar

Logicamente os governos terão interesse em privatizar suas escolas. Visto que o cidadão poderá escolher quaisquer escolas privadas e terão a mensalidade paga, elas dificilmente escolherão as públicas por vontade própria.

A rede credenciada seria avaliada anualmente. O teto da mensalidade que o governo pagaria dependeria do desempenho da escola. Uma boa escola receberia um valor maior para cada aluno, enquanto uma escola ruim teria direito a um valor menor. Estes valores seriam controlados pelo Estado, e poderiam ter pesos diferentes nas regiões do país.

A rede particular deve ter faculdade a participar do sistema. Nada obrigatório. Afinal, é possível que alguma escola queira ter uma filosofia de trabalho especial e não abrir as portas a todos. Entretanto, deveria ter uma sobretaxa pela não-adesão ou um desconto em impostos para os aderentes. O estímulo econômico é o principal fator de seu sucesso.


Faz décadas que governantes prometem e tentam desenhar soluções para o ensino público. Faz décadas as iniciativas são ineficazes. Simplesmente não resultam em melhor educação. Os números são consistentes desde que eu aprendi a ler, literalmente: o ensino público é uma porcaria.

Esta é certamente uma proposta ousada. Mas é sem demagogia. É resolver o problema de dinheiro com dinheiro.

2014.08.11

INOVApps

Descobri semana passada que o Ministério das Comunicações está organizando um corcurso nacional de Aplicativos e Jogos Sérios para dispositivos móveis. Serão 25 escolhidos em cada categoria com prêmio de 100 mil reais cada! Nada mal se o ganhador for uma pessoa física.

Ministério

Achei particularmente curioso o concurso vir deste ministério e não do MinC (Ministério da Cultura). Há vários anos atrás (acho que em 2003), eu e meu amigo Gabriel participamos do JogosBR, um concurso similar mas que era para promover a indústria dos jogos eletrônicos no geral. Nosso jogo foi o Color Rangers, um jogo de estratégia com RPG no universo dos heróis japoneses. Ele passou na primeira etapa, mas não da segunda, que é a que valeria dinheiro mesmo. Hoje eu teria condições de executar este projeto com certeza. Ao menos a primeira fase nos rendeu uma foto ao lado do então Ministro da Cultura, Gilberto Gil.

No começo do ano nós descobrimos que a Behold, uma desenvolvedora brasileira, estava fazendo um jogo chamado Color Squad, um jogo de estratégia com RPG no universo dos heróis japoneses… Coincidência? Acho que não, mas isso não importa. Fico até orgulhoso pois mostra que tivemos uma ideia bem legal.

Documentos como produto final

Assim como o antigo concurso do Ministério da Cultura, este concurso vai julgar um projeto de jogo e não o jogo já feito. Isso é uma postura bem diferente do que eu já fiz principalmente nos Ludum Dare (competição de criação de jogos em 48h) em que o que vai a juri é o jogo que você conseguiu criar.

No INOVApps, o que vai ser julgado é a proposta. É uma série de documentos que descrevem o jogo e como ele será feito. Deve-se dizer qual é a mecânica do jogo, seu tema, fases, arte conceitual. Com base nestes documentos eles vão ver quem tem uma boa ideia e parece ter capacidade de executá-la.

Eu tenho um pouco de receio deste tipo de abordagem já que ele dá margem para os participantes viajarem na maionese e escreverem projetos . E pior, dá margem para que eles sequer escrevam uma linha de código para o jogo final.

Com relação a este último item, o regulamento do concurso lida bem pois, mesmo com os ganhadores já definidos, só vai liberar grande parte dos recursos só depois de dar entregáveis. Só depois do jogo concluído é que se teria direito a mais de 40% do dinheiro.

Jogos sérios

Investiguei na internet e li bastante sobre o assunto de jogos sérios. Fiquei um pouco temeroso pois a maioria dos jogos sérios… não é jogo, e sim conteúdo interativo. Segundo a teoria dos jogos, um jogo deve ter uma dinâmica entre os participantes, em que a ação de um afetaria o outro.

Vi vários visualizadores 3D e 2D, com diversos graus de interação. Mas vi realmente poucos que eu chamaria de jogos. Sem qualquer tipo de pontuação ou limitarores (como vidas), é difícil considerar um infográfico interativo como um jogo. Espero que a banca tenha isso em mente.

Minha proposta

Estou totalmente tentado a participar do concurso. Estou já com alguns pequenos protótipos que poderia facilmente adaptar para um jogo mais educativo, com temática mais séria, mas ainda sim mantendo ele divertido e interessante.

Sempre fui facisnado com o conceito de que, na pele de um governante, é tudo bem mais complicado que se apenas ver de fora. Gosto do conceito de que tudo tem 2 lados. Meus jogos sempre refletem isso, fazendo com que o jogador sempre tenha um certo dilema ao tentar ganhar dinheiro em detrimento da felicidade ou tentar vencer a guerra deixando alguns aliados morrerem.

Para apresentar alguma proposta é preciso que ela seja enquadrada em uma das categorias listadas no edital.

Estou querendo abordar a violência. No mundo dos jogos ela é sempre retratada de uma maneira muito simplista: bem contra o mal. Mesmo em jogos de estratégia, todos os que não são amigos são inimigos. Acho que dá para explorar este conceito de quem é amigo e quem é inimigo, além do que eu já tentei, ao colocar dilemas morais.

Também estou bastante interessado tem temas de governabilidade. Acho que posso atacar temas como turismo e uma dinâmica de toma-lá-dá-cá. Algo como Trópico, mas com uma pegada um pouco mais didática e com base histórica.

Qualquer que seja a proposta, vou tentar fazer uma obra de entreterimento. Isso por uma razão pragmática: se o jogo for bom e divertido, os jogadores jogarão mais e o conteúdo informativo será mais fixado. Não adianta ser uma obra intessante que a pessoa vê, usa e joga fora. Ele tem de ter uma vida útil longa. E vou tentar garantir isso por meio de um mecânicas de jogo.

Por Que SuCoS Pode Ser Seu Próximo Site feature

Por Que SuCoS Pode Ser Seu Próximo Site

No cenário em constante evolução do desenvolvimento web, os Geradores de Sites Estáticos ganharam imensa popularidade devido à sua simplicidade, velocidade e facilidade de uso. Migrei este site do WordPress para um GSE e não tenho arrependimentos. No entanto, navegar pela complexidade de ferramentas existentes como o Hugo e o DocFX pode ser uma tarefa assustadora, até mesmo para desenvolvedores experientes. Reconhecendo este desafio, decidi embarcar em uma jornada pessoal para criar uma solução. Assim, apresento a você o SuCoS (uma referência à simplicidade que busco), um gerador de sites estáticos C# que simplifica o processo enquanto oferece um desempenho incrível.

A Origem

No dia em que me vi emaranhado numa teia de templates do Hugo, percebi que algo precisava mudar. Parecia como se estivesse vagando num labirinto sem uma tocha; até mesmo o ChatGPT, meu confiável companheiro de IA, parecia perdido. Senti-me como Bilbo Baggins nos túneis, mas sem um parceiro para resolver enigmas. Experimentei com o DocFX, mas a rigidez dele me deixou desejando algo mais. Cheguei a brincar com o Zola, em Rust, mas achei que lhe faltava riqueza. Ansiava por algo mais versátil, mais fluido.

Foi então que me ocorreu. Por que não traçar meu próprio caminho? Por que não conjurar um gerador de sites estáticos que tornasse o processo tão simples quanto conectar pontos, em vez de decifrar enigmas? Com o .Net 7 de volta aos trilhos, eu sabia que tinha a base que precisava. Ele prometia familiaridade, riqueza em recursos, e uma mentalidade orientada ao desempenho. Além disso, as novas opções de compilação para um único arquivo, enxuto e autossuficiente, pareceram ser a combinação ideal.

Assim, a semente do SuCoS foi plantada.

O Processo

Ao construir o SuCoS, concentrei-me em 3 funcionalidades críticas.

Em primeiro lugar, imaginei um construtor de sites rápido como o vento, veloz como um guepardo na savana. O resultado? Um motor C# DotNet 7 que gera páginas a uma velocidade vertiginosa. Para conter meu TOC, criei um site teste com 100.000 páginas (equivalente a 10% da Wikipedia em português) e ele levou menos de 1 ms por página!

Em segundo lugar, almejei um sistema de templates fácil de usar, mas versátil. Queria evitar a complexidade hieroglífica dos templates do Hugo e abraçar algo mais intuitivo. E assim entram os templates Liquid - tão adaptáveis e refrescantes quanto a água, tão diretos quanto o ABC.

Finalmente, o terceiro recurso crítico: um servidor interativo para o desenvolvimento local. Ansiava por um sistema que fosse tão responsivo e vivo quanto um coautor entusiasmado, observando cada tecla que eu pressionava, refletindo cada alteração que eu fazia nos arquivos de conteúdo ou tema no servidor local, eliminando a necessidade de atualizações manuais monótonas. Para completar, implementei um pequeno relatório que é gerado no final do processo de construção, permitindo que você admire a velocidade relâmpago da criação do seu site.

O SuCoS não estaria completo sem um fiel escudeiro. Apresento o Nuke, um sistema de construção inestimável que automatiza o processo de construção e liberação, até fornecendo uma imagem de container Docker para facilitar a vida.

O Mapa do Caminho

A primeira versão v1.0.0 já está no ar! E para mostrar seu MVP (produto minimamente viável), o site oficial (https://sucos.brunomassa.com/) foi construído usando o próprio SuCoS! Não é maneiro?! Mas esta é apenas a fase ‘Homem de Ferro Mark 1’. Como Tony Stark, estou sempre refinando e melhorando. Recrutei o GitLab CI/CD como meu fiel AI, J.A.R.V.I.S., que garante que uma versão nova e melhorada veja a luz do dia todas as semanas. A jornada para o ‘Endgame’ continua, cada iteração nos trazendo um passo mais perto.

Um dos meus marcos é converter este mesmo site para SuCoS até o final de julho de 2023. Ambicioso? Sim. Alcançável? Absolutamente.

Junte-se nesta aventura. Conecte-se com a comunidade no Twitter, Mastodon, Discord, e Matrix. Vamos conduzir este navio juntos, transformando o mundo da geração de sites estáticos em uma jornada fácil e agradável, uma página por vez.

Bruno MASSA